Aceitação radical

O início do cuidado verdadeiro

Hoje falamos-vos de um tema essencial para o nosso equilíbrio emocional, para a nossa regulação interna e para nos permitirmos, com mais leveza, fluir na vida.

É um tema que, para muitas pessoas (e também para mim), nem sempre é fácil de praticar.
Há momentos em que surgem dúvidas, culpa ou vergonha, e tudo isso pode afastar-nos do gesto mais simples e transformador: aceitar.

Falamos aqui de aceitação radical.

O que é, afinal, a aceitação radical?

Muitos perguntam:
"Mas eu até tenho uma boa autoestima... Isso não basta?"

Na realidade, há uma diferença significativa entre autoestima e aceitação radical.

A autoestima está muitas vezes associada à avaliação que fazemos de nós próprios: se somos “bons”, “fortes”, “suficientes”.
Já a aceitação radical não tem a ver com julgamento, mas com presença.
É a capacidade de permanecer conosco, mesmo quando não estamos no nosso melhor.

Aceitar também não é desistir!

Nem sempre é fácil aceitar.
Aceitar o que está a acontecer. Aceitar o modo como reagimos. Aceitar o que sentimos.

Sobretudo quando estamos a sofrer, quando tudo parece fora do lugar, ou quando aquilo que vivemos não corresponde ao que esperávamos de nós, dos outros ou da vida.

Mas aceitar não é desistir.
Não é resignar-se nem fingir que está tudo bem. É, pelo contrário, o primeiro gesto de cuidado real.

Aceitação é abrir espaço

Aceitação radical é deixar de lutar contra a realidade interior. É escutar, mesmo quando o que ouvimos é desconfortável.

É poder dizer:
"Isto é o que estou a sentir agora. E merece espaço. E merece cuidado."

Quando deixamos de resistir à dor, abrimos caminho para a compreender.
Não se trata de gostar do que está a acontecer, trata-se de reconhecer o que é, para então escolher como cuidar.

Aceitação não significa que tudo continuará igual.
Significa que deixamos de nos opor a nós próprios e começamos a estar presentes com o que somos!

Uma prática possível

Se fizer sentido, experimentem:

Fechem os olhos por instantes. Respirem. E perguntem-se:

- O que estou a sentir neste momento?
- E posso dar espaço a isso, mesmo que não compreenda totalmente?

Este é o início.
Um gesto de reconciliação interna, com tempo, com respeito, com verdade.

A aceitação radical não é um destino é um processo.
Um caminho de regresso a nós mesmos, onde a escuta vem antes da exigência.

Nem sempre é fácil aceitar.
Mas quando deixamos de lutar contra o que sentimos, criamos espaço para cuidar, com verdade e com presença.

Que cada um de vós possam encontrar, no seu tempo, esse lugar interno onde tudo o que são… tem lugar.

Susana Amaral

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