Todos vamos ao fundo. A diferença está em como voltamos.
Todos conhecemos o fundo
Em algum momento da nossa vida, sem exceção, todos nós já conhecemos o fundo.
Pode ter o nome de tristeza, ansiedade, exaustão física ou emocional… ou ser apenas um vazio silencioso, difícil de explicar.
Às vezes, ele chega devagar, já com uma mochila cheia de mágoas, quase sem nos apercebermos.
Outras vezes, arrasta-nos de repente, como uma onda que não vimos chegar.
O que muda não é chegar lá… é como se volta
Ninguém escapa a esses lugares internos onde a vida, por alguma razão, se torna pesada.
A verdadeira diferença está na forma como voltamos.
Algumas pessoas ficam lá, presas no silêncio ou no esforço solitário de “aguentar até passar”.
Outras tentam ignorar o que sentem, como se fechar os olhos afastasse a dor.
E depois, há aquelas que conseguem sair.
Muitas vezes olhamos para elas e pensamos:
“Como? Tão forte!” ou “O meu mundo é pior…”.
Mas não é sobre força, nem sobre ter um mundo melhor ou pior.
São pessoas como todas as outras — mas que, mesmo com medo, escolhem fazer diferente.
Escolhem dar a mão a si próprias.
O que sustenta o regresso
Voltar do fundo não é sobre “ser mais forte” do que os outros.
É sobre cultivar práticas e escolhas conscientes que sustentam o regresso:
Coragem, para enfrentar o que dói sem se perder nele.
Compaixão, para se tratar com a mesma ternura que tantas vezes oferece aos outros.
Conexão, para não fazer o caminho sozinha.
Estas qualidades não surgem por acaso
São resultado de pequenas ações repetidas:
um momento de silêncio antes de reagir,
um pedido de ajuda,
uma pausa para respirar,
um diálogo interno mais gentil,
uma oração ou meditação que recentra,
a decisão deliberada de abrir mão do que já não serve.
Pedir ajuda é um ato de amor próprio
Não de derrota.
O acompanhamento terapêutico é esse espaço seguro onde podes pousar o que dói, dar nome ao que te bloqueia e descobrir novas formas de te levantares.
Voltar diferente
Voltar do fundo não significa regressar igual.
Significa voltar mais inteira, mais consciente e mais alinhada contigo.
Susana Amaral